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Heartbeat

Junseo acorda antes do despertador tocar.

É 1° de maio, seu aniversário. Não é uma data que ele se incomodaria em comemorar alguns anos atrás, algo que faria seu coração bater mais rápido com a expectativa do que seus hyungs estariam planejando dessa vez (ele sempre fica desconfiado de tudo nessa época do ano), ou de querer pular da cama antes mesmo do sol bater nas cortinas.

Mas isso foi antes dele entrar no Argonaut, antes de se tornar uma data a qual ele anseia tanto quanto o Natal ou o Chuseok; antes de Jihoon fazer questão de lhe comprar algo especial todos os anos; antes de Seokmin insistir em pagar o jantar para os sete em comemoração; antes de Youngjun lhe comprar uma bebida a qual ele não sabe o nome para brindarem; antes de Hongjae aparecer do nada com um bolo cantando parabéns de maneira histérica; antes de Minki lhe sorrir calorosamente e puxá-lo para um abraço raro; antes de Taeil postar fotos envergonhantes que ele nem mesmo sabe da existência.

Ah, sim, o Argonaut mudou muita coisa para si e essa é uma de suas favoritas.

Ele levanta silenciosamente e exerce sua rotina matinal, seguindo para a cozinha depois de colocar uma camiseta folgada e shorts de corrida. Abrindo a geladeira atrás da garrafa de leite sentiu seu celular vibrar no bolso e serviu um copo para si mesmo antes de checar suas mensagens. Há algumas do grupo dos seus amigos idols, algumas de seus amigos em Busan lhe desejando parabéns e outras da staff, mas a primeira notificação que checa, sem sombra de dúvidas, é de sua mãe.

“Feliz aniversário, meu bebê! Me ligue assim que ver essa mensagem (coração, coração, coração)”.

Junseo sorri, apertando o botão de discar e colocando no viva-voz antes de virar-se para lavar o copo que usava. A progenitora prontamente atende.

— Feliz aniversário, Junseolie! — a voz feminina exclama do outro lado da linha, prosseguindo em cantar de forma infantil a tão conhecida música de parabéns, o coração do maknae aquecendo-se a cada palavra — O que quer de aniversário, meu bem? — a senhora pergunta assim que termina a canção, a expectativa quase perceptível pelo telefone.

Antes que o Jeon possa responder, entretanto, passos tomam o corredor e uma terceira voz se faz presente.

— Bom dia, Jun! — Hongjae exclama, saltitando em sua direção para lhe envolver em um abraço esmagador.

— É o Hongjae? Diga “oi” para ele por mim, oh, e para o Jihoon também! — os dois garotos ouvem a mãe do mais novo dizer e o rapper se amontoa contra a mesa onde o celular está apoiado rapidamente.

— Bom dia, senhora Jeon! Como a senhora está? — o Jung pergunta com um sorriso radiante como sempre e os dois engatam em uma conversa a qual Junseo não presta atenção por muito tempo quando vê o mais baixo dos sete aparecer no cômodo também.

Ele claramente acabou de acordar e a única coisa que indica que ele não está dormindo em pé ainda são as pequenas gotas que pingam de seu rosto depois de tê-lo lavado. Seu cabelo desponta para todas as direções de maneira rebelde, mas isso só o deixa ainda mais fofo que o normal.

Junseo cora com o pensamento.

— Bom dia, Seo-yah. Feliz aniversário — é a primeira coisa que diz assim que chega perto deles e o maknae agradece o outro ainda estar sonado demais para perceber seu pequeno estado de euforia.

— Bom dia, hyung. O que você vai me dar esse ano? — brinca, tentando divergir o assunto para que não ficasse prestando atenção naqueles detalhes, como os olhinhos inchados de sono, os óculos tortinhos em seu rosto, a marquinha de lençol na bochecha esquerda...

— A pergunta certa seria o que você ainda não tem, seu moleque ingrato — o mais baixo retruca, rindo da maneira doce e única dele antes de virar-se novamente para o Jeon — Me desculpe, Junseolie, eu não posso dar seu presente ainda. Mas eu juro que será inesquecível — sorri ao final da sentença, baixando a cabeça meio envergonhado em admitir aquilo.

— Ei, eu estava brincando, você sabe que não precisa me dar nada, hyung — Junseo diz afobado, com medo do menor ficar se remoendo por aquilo — Que tal fazermos assim, depois das gravações podemos ir naquele cat-café novo que inaugurou e você estava louco para ver. E então você me diz o que é de tão importante, o que acha? — sugere, segurando o rosto do menor para fazê-lo olhar para si, sem perceber o quanto aquele ato foi perigoso para os dois porque assim que seus olhares se cruzam nenhum deles ameaça cortar a ligação.

Ambos evitam os olhos do outro durante o resto da manhã, depois que Hongjae os interrompe para devolver o celular, depois que Junseo acaba de falar com sua mãe, depois que os outros se juntam a eles e a balbúrdia usual segue pelo café da manhã (apenas com mais intensidade já que é um dia especial), depois que Jihoon assente aceitando a proposta do mais novo de maneira que apenas ele entenda, depois que seu coração se aquece com a premissa de sair a sós com seu hyung em seu aniversário.

Trovões podem ser ouvidos do lado de fora do carro em seu caminho para o estúdio. A meteorologia havia avisado que uma forte tempestade estaria vindo para Seul naquele dia, mas Junseo não esperava que viesse tão cedo. Graças a tudo aquele era o último dia de gravação, o MV sendo concluído ele poderia voltar a Busan e com sorte chegar antes da meia noite para aproveitar as últimas horas de seu aniversário com sua família, já que tinham aquela semana livre antes das promoções começarem.

Pouco tempo depois, Junseo se encontra em um figurino escuro, sentado em uma cadeira com um copo de bubble tea em mãos enquanto espera uma das cabeleireiras acabar de arrumar a bagunça que chama de cabelo, tão perdido em pensamentos que nem mesmo percebe quando Taeil se senta na poltrona ao lado até que comece a falar consigo.

— O quê? — o mais novo pergunta, não tendo prestado atenção nas palavras anteriores.

— Perguntei que horas é sua partida. Você vai de trem, não é? — o mais velho repete, antes de roubar a bebida de suas mãos e dar uma golada generosa a qual o Jeon nem reclama por estar acostumado.

— Se tudo ocorrer como planejado, às oito horas — anuncia, pegando o copo de volta antes que o Kim acabe com tudo, mas sua atenção é novamente desviada quando um dos diretores grita stand by! para um dos outros membros.

É Jihoon gravando ­­— uma cena de dança, não surpreendentemente — e, assim como os outros no local, Junseo fica hipnotizado. O Jang sempre teve esse tipo de aura ao seu redor, que naturalmente atrai os olhares das pessoas mesmo que não seja o centro das atenções e que só ele parece não perceber.

Junseo sente seu sorriso formando-se ao ver o menor sorrindo também, agradecendo algum comentário de um dos câmeras antes de pedir para repetir a cena. Taeil solta uma meia risada ao seu lado, fazendo o mais novo virar para ele com um olhar inquisitivo e percebe que o maior o estava observando esse tempo todo.

­— Pega leve com ele hoje, tá bom? — o Kim anuncia com graça antes de levantar-se e ir em direção ao sofá onde Youngjun está deitado (sua próxima vítima).

A expressão atônita do maknae pode ser comparada à de um cachorrinho perdido, perguntas e mais perguntas dançando em sua mente, causando uma leve tontura. Mas ele vira a cabeça de maneira confusa, deixando o assunto de lado por enquanto.

Seu estômago revira brevemente, entretanto, e ele se pergunta se foi o bubble tea de antes.

Sair a sós com Jihoon não era um evento incomum para o mais novo dos sete idols. Desde que se conheceram, Jihoon era como um pedacinho de casa que Junseo sempre tinha por perto mesmo nos momentos em que a saudade era quase insuportável e esse foi um dos maiores motivos pelos quais os dois eram tão inseparáveis hoje.

Dessa vez, no entanto, uma sensação estranha paira sobre os dois enquanto fazem seus pedidos no caixa e adentram o estabelecimento, Jihoon seguindo direto para uma torre onde um grande gato persa dorme tranquilamente. Junseo não consegue pontuar exatamente o que é, porém o sentimento não desaparece mesmo depois de terminarem seus cafés com corações leves ao conversarem sobre várias coisas como sempre ou brincarem com o gato de antes mais um siamês que havia se amontoado aos pés do Jang.

Não desaparece também no caminho de volta, os dois andando calmamente pela rua, rezando para não serem reconhecidos, com seus ombros se esbarrando vez ou outra. E Junseo pode até mesmo jurar que vira Jihoon corar levemente certa hora, ao passarem em frente à uma joalheria. Estranho.

Junseo pensa em questionar o mais velho sobre o assunto de mais cedo, o que ele precisava falar para si com tanta urgência. Mas o Jang é mais rápido e o aborda por si mesmo.

— Sobre aquilo mais cedo... — ele começa, inseguro — Junseolie, a verdade é que...

O celular do maknae vibra em seu bolso e ele está disposto a ignorar quem quer que fosse a entidade divina que poderia estar ligando para ele naquele momento, não fosse o próprio Jihoon indicando para que atendesse.

Era Seokmin, perguntando onde o mais novo gostaria de jantar aquela noite, e depois de uma discussão acalorada entre pedir pizza e comemorarem no apartamento mesmo ou irem ao seu restaurante favorito de samgyeopsal (o último, vencedor), o maior volta sua atenção novamente para o Jang, mas a coragem de mais cedo parece ter fugido de Jihoon.

— Ah, eu só queria dizer... que não comprei nada para você esse ano. Desculpe — completa, mas Junseo vivia há tempo demais com ele para ter certeza de que está mentindo.

Ele não o pressiona, entretanto, e isso talvez seja seu primeiro erro.

A sensação de mais cedo também não vai embora durante o jantar, mas eles são sete jovens adultos com energia demais e o volume da conversa não abaixa quando uma rodada de soju e makgeolli aparece para descer junto com o samgyeopsal, cortesia de Youngjun.

O jantar termina com Junseo indo para uma vã diferente das dos demais, sua bagagem já no porta-malas e os presentes de seus hyungs no banco traseiro enquanto se despede deles um por um. Ao chegar na vez de Jihoon o mais baixo o envolve em um abraço apertado como de costume, mas, oh, o sentimento está lá de novo, fazendo cosquinhas em sua barriga.

— Eu te vejo amanhã à noite, na sua casa, e prometo que dessa vez eu não vou fugir — o menor sussurra para que apenas ele ouça e Junseo não se lembra de nada entre separar-se dele e entrar no carro, apenas registrando os acontecimentos novamente quando já estão na rodovia principal que leva à estação de trem e Tomorrow Never Knows dos Beatles começa a tocar nos auto falantes.

O relógio marca exatamente 19:30 e a garoa fina que caía lá fora quando saíram se transforma rapidamente em uma chuva de assustar a qualquer um nas ruas nesse momento. E essa é a última coisa que Junseo lembra antes de um caminhão de dez toneladas cruzar o farol vermelho, e Hyunsoo, seu manager, inutilmente tentar fazer uma curva fechada para evitar a colisão.

O caminhão atinge a vã e o veículo roda pela pista em direção à vitrine de uma loja de roupas, o coração de Junseo parecendo já ter saído de seu peito há muito tempo antes de fechar os olhos e esperar pelo impacto.

Ele nunca vem.

*****

Junseo acorda antes do despertador tocar.

É 1° de maio, seu aniversário.

Huh.

Não é uma data que ele se incomodaria em comemorar alguns anos atrás, algo que faria seu coração bater mais rápido com a expectativa do que seus hyungs estariam planejando dessa vez (ele sempre fica desconfiado de tudo nessa época do ano), ou de querer pular da cama antes mesmo do sol bater nas cortinas.

Estranho.

Ele levanta silenciosamente e exerce sua rotina matinal, seguindo para a cozinha depois de colocar uma camiseta folgada e shorts de corrida.

Espere...

Abrindo a geladeira atrás da garrafa de leite sentiu seu celular vibrar no bolso e serviu um copo para si mesmo antes de checar suas mensagens.

Okay, estranho de novo.

Há algumas do grupo dos seus amigos idols, algumas de seus amigos em Busan lhe desejando parabéns e outras da staff, mas a primeira notificação que checa, sem sombra de dúvidas, é de sua mãe.

“Feliz aniversário, meu bebê! Me ligue assim que ver essa mensagem (coração, coração, coração)”.

A respiração de Junseo prende em seu peito e suas mãos tremem descontroladamente.

Que merda é essa?

Junseo tenta esquecer a sensação de dejà vú que o acompanha a manhã inteira. Ele já estava acostumado com essas coisas, então só classificou aquilo como outro sonho desse tipo que tivera. Mas algo continuava não estando certo.

O maknae decide pensar sobre o (suposto) sonho que tivera aquela noite, ou o que quer que aquilo tenha sido, e vagamente se indaga se seu dia terminaria daquela maneira como vários sonhos premonitórios que já tivera antes. Ele espera que não.

Porém, quando todas as conversas começam a acontecer exatamente do jeito que se lembrava como um roteiro previamente premeditado, desde a discussão entre Hongjae e sua mãe, o conselho de Taeil sobre Jihoon e mesmo as próprias palavras do Jang na volta do café e depois de se separarem no jantar, ele se sente tremer inteiro novamente.

Seu peito enche-se de pavor quando Tomorrow Never Knows dos Beatles começa a tocar no carro, a garoa virando rapidamente uma chuva forte lá fora. É 19:30 e antes que perceba um caminhão de dez toneladas cruza o farol vermelho e vem desgovernado em sua direção, Hyunsoo fazendo uma curva fechada para evitar a colisão.

O caminhão atinge a vã e o veículo roda pela pista em direção à vitrine de uma loja de roupas, assim como no sonho de Junseo, e ele espera pelo impacto.

Ele nunca vem.

*****

Junseo acorda antes do despertador tocar.

É 1° de maio, seu aniversário, pela terceira vez seguida e ele tem certeza de que algo está errado.

É logo confirmado pela mensagem de parabéns de sua mãe.

“Feliz aniversário, meu bebê! Me ligue assim que ver essa mensagem (coração, coração, coração)”.

Suas mãos tremem e ele quase derruba o telefone.

Que merda está acontecendo?

Para evitar danos maiores, Junseo resolve manter aquilo tudo para si mesmo. Ele tenta não demonstrar seu horror quando tudo ocorre mais uma vez da mesma maneira, na mesma ordem, as mesmas falas e ações dos dois dias anteriores se repetindo.

No caminho para o estúdio ele procura no Naver qualquer coisa sobre sonhos dentro de sonhos que ele ainda não saiba, mas nada parece bater com as descrições. No que parece um surto de epifania ele digita “loop temporal” na barra de pesquisa e quase se engasga com a própria saliva ao olhar os resultados.

Não é possível que aquilo esteja acontecendo com ele, não é? Esse tipo de coisa só ocorre em filmes até onde saiba, mas a maneira como tudo acontece de novo e de novo na mesma ordem que as outras vezes não o deixa tirar a ideia da cabeça. Se esse é o caso, ele precisa descobrir onde tudo deu errado para quebrar o circuito.

Mas, de alguma forma, sua curiosidade crônica parece vencer sua paranoia e ele logo se encontra no banco do passageiro da vã, Tomorrow Never Knows tocando no rádio às exatas 19:30 quando a garoa lá fora se transforma em uma chuva forte e Hyunsoo faz uma curva fechada para escapar da colisão com o caminhão de dez toneladas que cruzou o farol vermelho vindo em sua direção, enviando o veículo rodando pela pista direto em uma vitrine de uma loja de roupas.

E seus olhos não piscam ao assistir as cenas dos dois dias anteriores se repetirem enquanto espera pelo impacto e merda, lá vamos nós de no-

*****

Junseo acorda antes do despertador tocar.

Ele senta-se na cama e agarra seus cabelos bagunçados de dormir quando lê 1º de maio escrito na tela de seu celular novamente, já se perguntando se toda aquela história de loop temporal é real mesmo ou se ele apenas enlouqueceu de vez.

O maknae fulmina com raiva dessa vez enquanto mastiga seu sanduíche de manhã, a esse ponto ele já está se segurando para não gritar com Taeil quando ele rouba seu bubble tea pela quarta vez e diz naquela voz debochada “Pega leve com ele hoje, tá bom?”, referindo-se a Jihoon, que mais uma vez não fala o que realmente queria lhe contar, e sua vontade é de arrancar a verdade dele antes que o mais novo “morra” novamente de noite e fique sem resposta. E a esse ponto ele também já começa a questionar sua sanidade mental.

É um tanto divertido que o universo tenha o escolhido como algum tipo de “super-herói”, mas quando ele sonhava em se tornar o Homem-Aranha quando criança nunca imaginou que quase ficaria maluco repetindo uma série de primeiros de maio ou que nunca mais quisesse ouvir falar de seu aniversário na vida depois de hoje.

Mas ao invés de se jogar no meio da rua e esperar um carro passar por cima dele — que poderia tanto resultar em um novo início daquele dia ou a quebra do looping e ele morrer de vez e isso não seria legal ­— ele pensa em todas as possibilidades que poderiam ser mudadas naquele dia, esperando que alguma delas fosse a razão para tudo aquilo estar acontecendo.

E em um momento eureca! ele simplesmente se indaga se havia algum jeito de não estar na interseção no horário exato do acidente.

Portanto, quando Seokmin liga pela quarta vez seguida perguntando se ele gostaria de pedir pizza ou comer no restaurante de samgyeopsal ele não cede até que o mais velho seja convencido de ligar para a pizzaria no final da rua.

Tudo parece correr bem dali em diante, os eventos de alguma forma levemente distorcidos do que havia acontecido nos outros dias e por um breve momento Junseo quase comemora sua vitória. Youngjun traz um engradado de cervejas dessa vez e o Jeon bebe sem culpa junto aos outros, certo de que havia conseguido quebrar o ciclo.

Ele entra na vã mais cedo naquele dia, despedindo-se dos hyungs no estacionamento do prédio. Entretanto, quando Jihoon o abraça apertado novamente e sussurra as mesmas palavras que as do dia anterior um calafrio percorre sua espinha.

Eles deixam o prédio às exatas 19:10, a garoa ainda inexistente e o horário fora do padrão dos outros dias. Talvez funcione.

Entretanto, ao virar a rodovia derradeira, Tomorrow Never Knows começa a tocar no sistema de som do carro, o coração de Junseo batendo mais rápido do que nunca. A chuva aparece do nada, como se o script fosse alterado de última hora e a luz dos faróis do caminhão refletem no retrovisor do veículo.

*****

Quando Junseo acorda antes do despertador tocar pela quinta vez, ele imediatamente decide seu plano do dia.

Na noite anterior as coisas haviam dado quase certo, mas talvez ter ido para o restaurante de samgyeopsal não tivesse sido exatamente o problema e por isso os últimos eventos ocorreram da mesma forma. Então, hoje ele tentaria outra coisa.

O Jeon havia observado que certos pontos fugiam de seu controle, como a chuva torrencial ao final do dia. Porém, outros ele poderia alterar. É assim que ele aperta o botão de enviar em seu celular, depois de digitar uma mensagem para sua mãe antes mesmo de ligar para ela.

“Desculpe, alerta de tempestade hoje à noite, adiei a viagem para amanhã de manhã. Amo você (carinha chorosa, coração)”.

Pronto, sem precisar pegar a rodovia, sem acidente. Problema resolvido.

Junseo segue seu dia da mesma forma que nos anteriores, mas com uma nova determinação dessa vez. Quando anuncia que não vai para Busan àquela noite, é claro, todos ficam surpresos, mas ele só arruma uma desculpa de que estaria cansado demais para poder comemorar com seus pais assim que chegasse e por isso preferia ir de manhã. Os outros não se prendem muito ao assunto depois disso, mesmo que estranhando.

Veja bem, não é que Junseo não queira ver seus pais. Ele morre de vontade de pegar o primeiro trem e passar o final de semana com sua família há meses. Mas a realidade é que ele teria de sobreviver aquela noite se quisesse fazer isso, portanto seus pais teriam de esperar se o quisessem tê-lo inteiro para o “parabéns para você”.

Ele olha do outro lado da mesa e vê Jihoon lhe encarando indagativo, e o Jeon quase consegue ler “Você tem certeza?” escrito na testa do mais velho. O maknae assente, esperando que o outro consiga lê-lo da mesma forma e por um momento Junseo se pergunta se Jihoon consegue ver através da máscara que carrega, se havia descoberto sobre toda essa palhaçada de looping temporal por si mesmo, já que seus olhos não o deixam por outro minuto antes de voltar-se a Minki, que havia falado consigo. O aviso desagradável de Taeil volta à sua cabeça, mas ele o dispersa quando percebe que é praticamente impossível que Jihoon saiba.

Bem, não como estar preso em algo que ele só havia visto em ficções científicas até hoje fosse muito plausível também.

O jantar termina como todas as outras noites, Minki, Seokmin e Youngjun entrando em um carro e os outros três rumando para outro, com a diferença de que dessa vez Junseo está com eles. Ele olha para fora, o relógio do parque marca 19:25, mas não há sinal de chuva nem de caminhão.

Carro diferente, destino diferente. Por um momento, ele quase pensa que venceu. E Junseo está tão absorto em sua própria vitória interna que nem percebe que ainda é Hyunsoo no banco do motorista dessa vez.

É somente quando a voz do manager soa, conversando sobre algum assunto aleatório com Hongjae no banco da frente, que ele percebe o erro que cometeu. Sua respiração trava na garganta, as mãos suam e agarram com força os braços do banco assim que começa a ouvir o ‘pit pat’ da chuva na janela. Jihoon percebe seu desconforto no assento ao lado e segura sua mão, fazendo-o olhar para si quando pergunta:

— Jun?

Tomorrow Never Knows reverbera no sistema de som da vã e seu primeiro instinto é envolver Jihoon em seus braços antes mesmo de Taeil gritar no banco de trás quando o veículo aparece do nada pela quinta vez.

O impacto é rápido e certeiro, as imagens passando aceleradas demais por seus olhos para que sejam registradas. A última coisa que lembra é Jihoon amolecendo em seu abraço, o cheiro de sangue formigando em seu nariz antes de tudo escurecer.

*****

Junseo acorda antes do despertador tocar.

O maknae sai como um furacão da cama, entrando no primeiro quarto ao lado, de Taeil, para checar se está tudo bem. Assim que confirma que o amigo ainda está respirando suspira aliviado, seguindo para o banheiro quando sente as lágrimas que segurava finalmente rolarem por suas bochechas.

Aquilo havia sido tão terrível, ver a si mesmo morrendo de novo e de novo era uma coisa. Ele podia lidar com essa realidade distorcida quando era apenas ele. Mas ver os outros tendo o mesmo destino que o seu... era praticamente assistir um de seus maiores pesadelos tomar vida bem em frente aos seus olhos e não poder fazer nada.

Não, ele não pode arriscar colocar os outros em perigo novamente.

A porta do banheiro é aberta assim que aproxima a mão da maçaneta, um Minki sonolento saindo de dentro ainda parecendo um zumbi, mas sua expressão muda assim que vê o estado em que o maknae se encontra.

— Junseo? Você está bem? — ele pergunta, preocupado.

Junseo dá um meio sorriso.

— Eu estou? — diz mais para si mesmo.

Talvez esteja na hora de mudar de estratégia.

­— Então, no seu sonho maluco, o Hongjae morre primeiro? Ele não vai ficar muito contente em ouvir isso — Minki comenta, uma xícara de café preto em suas mãos enquanto escuta Junseo contar suas experiências loucas dos últimos cinco dias.

O Jeon revira os olhos, bufando.

— Eu não sei se ele morre primeiro, ele só estava no banco da frente. E esse não é o ponto! — exclama, irritado pelo líder focar em detalhes banais — O que você acha que eu devo fazer, hyung? Eu sei que parece doideira minha, mas eu sei que aconteceu. Eu tenho certeza disso.

Minki fica em silêncio por um tempo, tomando uma bela golada do líquido escuro. O Kim sempre amou ler livros e assistir filmes sobre diversos assuntos e ficção científica era um de seus favoritos. Quando Junseo começou a ter sonhos premonitórios alguns meses atrás foi o mais alto que o ajudou com suas descobertas, então nesse momento, mesmo que parecesse inacreditável, ele apostaria suas fichas no líder para guiá-lo novamente.

— Você já tentou descobrir o que deu errado? — o mais velho finalmente fala, apoiando sua xícara vazia na mesa.

— O que quer dizer?

— Nós não sabemos como isso funciona, mas talvez mudar os eventos nas últimas horas do dia sem realmente pensar no antes não me parece uma boa ideia, talvez te dê um final pior ainda — ele explica, seu queixo trancando como em toda vez que pensa demais — Talvez você deva refazer o dia inteiro de novo e observar o decorrer das coisas, os detalhes, qualquer coisinha que possa ser um gatilho para que isso ocorra.

— Então, você está me dizendo para refazer o dia inteiro como da primeira vez e observar? — Junseo questiona, tentando entender a lógica.

— Não me olhe assim como se eu tivesse todas as respostas, Junseo, foi você quem já viveu esse dia várias vezes. Mesmo que eu possa te ajudar, as chances de eu esquecer de tudo o que você me contou amanhã, ou ainda hoje mesmo, são quase certas — ele diz, levantando-se para lavar a caneca — A meu ver, é você quem tem que quebrar o looping.

Dessa vez, Junseo tenta não suar frio quando Seokmin insiste em eles irem ao restaurante de samgyeopsal. O mais velho não parece notar sua mudança de tom ao telefone, mas alguém que está ao seu lado percebe muito bem seu desconforto.

— Se você não quer samgyeopsal para o seu aniversário sabe que pode falar, não é, Jun? — Jihoon questiona, o rosto preocupado ao falar consigo.

Junseo não responde, o que só faz o mais baixo ficar ainda mais confuso.

— Ei, — ele o chama, as mãos encontrando o caminho para entrelaçarem-se às suas — sabe que pode me contar qualquer coisa, não é? — sorri, mas o Jeon novamente não demonstra reação — Tem alguma coisa errada, Jun?

Em um ato impensado, Junseo o envolve em seus braços. Ele se encaixa perfeitamente ali, mas a ação o remete aos eventos de ontem, do corpo flácido de um Jihoon ferido contra o seu, e isso o faz apertá-lo mais contra si.

— Não — ele responde depois de muito tempo, lutando contra as lágrimas que querem sair — Mas talvez amanhã eu te diga.

Se houver um amanhã.

Jihoon o abraça de volta, sem se importar se alguém irá reconhecê-los no meio das ruas movimentadas de Seul. É o que menos importa agora.

— Eu também tenho algo para te contar amanhã — ele sussurra em seu ouvido, como em todas as outras vezes.

Junseo deseja que haja um amanhã para contar.

*****

Junseo acorda antes do despertador tocar.

É 1° de maio, seu aniversário. Não é uma data que ele se incomodaria em comemorar alguns anos atrás, algo que faria seu coração bater mais rápido com a expectativa do que seus hyungs estariam planejando dessa vez (ele sempre fica desconfiado de tudo nessa época do ano), ou de querer pular da cama antes mesmo do sol bater nas cortinas.

Ele levanta silenciosamente e exerce sua rotina matinal, seguindo para a cozinha depois de colocar uma camiseta folgada e shorts de corrida. Abrindo a geladeira atrás da garrafa de leite sentiu seu celular vibrar no bolso e serviu um copo para si mesmo antes de checar suas mensagens.

Bem na hora.

“Feliz aniversário, meu bebê! Me ligue assim que ver essa mensagem (coração, coração, coração)”.

Junseo sorri, apertando o botão de discar e colocando no viva-voz antes de virar-se para lavar o copo que usava. A progenitora prontamente atende.

— Feliz aniversário, Junseolie! — a voz feminina exclama do outro lado da linha, prosseguindo em cantar de forma infantil a tão conhecida música de parabéns, o coração do maknae aquecendo-se a cada palavra — O que quer de aniversário, meu bem? — a senhora pergunta assim que termina a canção, a expectativa quase perceptível pelo telefone.

Antes que o Jeon possa responder, entretanto, passos tomam o corredor e uma terceira voz se faz presente.

— Bom dia, Jun! — Hongjae exclama, saltitando em sua direção para lhe envolver em um abraço esmagador.

— É o Hongjae? Diga “oi” para ele por mim, oh, e para o Jihoon também! — os dois garotos ouvem a mãe do mais novo dizer e o rapper se amontoa contra a mesa onde o celular está apoiado rapidamente.

— Bom dia, senhora Jeon! Como a senhora está? — o Jung pergunta com um sorriso radiante como sempre e os dois engatam em uma conversa a qual Junseo não presta atenção por muito tempo quando vê o mais baixo dos sete aparecer no cômodo também.

Ele claramente acabou de acordar e a única coisa que indica que ele não está dormindo em pé ainda são as pequenas gotas que pingam de seu rosto depois de tê-lo lavado. Seu cabelo desponta para todas as direções de maneira rebelde, mas isso só o deixa ainda mais fofo que o normal.

Junseo cora com o pensamento.

— Bom dia, Seo-yah. Feliz aniversário — é a primeira coisa que diz assim que chega perto deles e o maknae agradece pelo outro ainda estar sonado demais para perceber seu pequeno estado de euforia.

— Bom dia, hyung. O que você vai me dar esse ano? — pergunta, direto ao ponto — Eu sei que deveria ser uma surpresa, mas você não pode me dar uma dica? — tenta dobrá-lo com seus olhinhos de cachorrinho.

— Oh, e-eu ainda não comprei seu presente, Jun-ah... — o menor responde, parecendo envergonhado com o fato.

Uh? Estranho, a resposta claramente foi diferente, mas Junseo esperava que qualquer coisa que Jihoon precisasse lhe dizer que sempre ficava para o dia seguinte fosse uma pista para quebrar o ciclo.

Sem pensar muito, o maknae puxa o outro em direção ao seu quarto, deixando tanto o Jang quanto o Jung confusos com suas ações. Junseo fecha a porta atrás de si e Jihoon olha para os lados atrás de alguma resposta inexistente no cômodo.

— Jun-ah? Está tudo bem? — pergunta, assustado.

— Qual é a cor da sua cueca? — o maior questiona, sem dar espaço para que o outro faça mais perguntas.

Jihoon levanta uma sobrancelha, incrédulo.

— Só me diz — Junseo suspira — E, por favor, não minta, isso é muito importante.

Jihoon revira os olhos, cruzando os braços.

— Vermelha, por quê?

Junseo olha ao redor, mesmo sabendo que são os únicos no cômodo, e puxa Jihoon para sentar-se consigo em sua cama.

— Okay, vai parecer impossível de acreditar, mas eu estou preso revivendo esse dia de novo e de novo e não sei ainda o que deu errado para que eu possa evitar e quebrar o looping — ele revela, esperando que o Jang não vá zoar muito com sua cara — E isso — ele aponta para suas partes de baixo — vai me ajudar amanhã a te convencer de que estou falando a verdade.

Um silêncio profundo se instala entre eles e Junseo quase cogita a ideia de se jogar na frente do carro de novo antes que Jihoon comece a rir de si. Entretanto, o que o Jang diz a seguir o surpreende.

— Okay. Como eu posso ajudar?

— Eu não sei como posso ajudar, Jun — Taeil entra no camarim provisório do estúdio, jogando-se no sofá ao lado de Jihoon que se encolhe contra Junseo — Eu tentei falar com o Youngjun-hyung também, mas ele não parece ter respostas. Desculpe — completa, um biquinho formando-se por sua inutilidade, que Jihoon logo desfaz com um abraço.

Seguindo o conselho de Jihoon, Junseo resolvera reservar um dia para observar cada membro. Por hoje, ele havia começado com Taeil, mas nada havia sido de grande ajuda até agora, por mais prestativo que ele fosse.

Jihoon é chamado para gravar e o Jeon lembra-se da primeira vez que vira essa cena, os movimentos são idênticos, mas parece que a energia entre eles mudou de alguma forma nos últimos dias, mesmo que Jihoon não lembrasse de absolutamente nada do que acontecera na última semana.

Taeil parece perceber isso também.

— Ele ainda não te contou, não é? — pergunta, dessa vez o aviso que assombrava Junseo não é reproduzido e ele quase pula de alegria.

— Não e, para falar a verdade, ele não me contou em nenhuma das outras seis vezes também — suspira, ele não conseguia tirar a ideia de que o que quer que Jihoon tivesse de contar a si era uma parte importante para quebrar o looping, mas não sabia como fazê-lo falar.

— Talvez ele te diga amanhã, então — o mais alto comenta, checando seu celular.

Junseo suspira.

— Esse é o problema.



— Então, você acha que o TaeTae não tem nada a ver com isso? — Jihoon pergunta enquanto eles saem do restaurante, a garoa começando a atingir suas cabeças.

Bem na hora de novo.

— Não — Junseo diz, as mãos nos bolsos do moletom.

Jihoon dá de ombros.

— Bem, talvez amanhã você tenha mais sorte com o Hongjae-hyung. Ou seria hoje? — comenta, rindo ao final.

Junseo sorri com o bom humor do mais velho mesmo naquela situação, mas seu semblante muda quase na mesma hora, assim que se aproximam das vãs.

— Hyung, eu estava pensando — começa, chamando a atenção do mais baixo para si de novo — Aquilo que você tinha para me contar…

Ele não termina a frase, mas Jihoon entende o que quer dizer e baixa seu rosto quase instantaneamente, com as bochechas coradas.

— Não é nada de importante. Talvez amanhã, quando você realmente quebrar o looping, eu te diga, tá bom? — desconversa pela enésima vez, mas Junseo não consegue parar de pensar no que pode ser e que influência pode ter em toda essa situação.

Sua mente não muda de rumo mesmo quando a chuva bate forte contra o vidro do carro, criando teorias até o ponto de conseguir uma enxaqueca enquanto começa a tocar Tomorrow Never Knows no rádio, o relógio bate 19:30 e Hyunsoo faz uma curva fechada para evitar a colisão com o caminhão.

*****

Junseo não obteve melhores resultados nos outros três dias, todos eles terminando com ele enfiado dentro da vitrine de uma loja depois da habitual sequência de eventos fatídicos.

Ele até mesmo chegou a perguntar ao manager que sempre sofria pela obra do universo com ele em que estação de rádio estava, e se surpreendeu ao descobrir que era na verdade um CD com as músicas favoritas do mais velho. E Junseo tinha de admitir que o homem tinha bom gosto, mas ele provavelmente nunca mais conseguiria escutar os Beatles da mesma forma depois de tudo isso.

Hoje era o dia de observar Seokmin, o penúltimo da lista, mas até agora, como sempre, não havia feito grande progresso. Tinha de admitir também que, por alguma razão, seus pensamentos e corpo se voltavam para Jihoon sempre que podiam e ele não conseguia achar uma explicação plausível para isso.

Talvez porque amanhã ele não seria capaz de contar a ele novamente tudo o que estava acontecendo e teria de se virar sozinho como no começo, já que seria seu dia. Mas mesmo sabendo que poderia contar a outro membro, como Minki (como já fizera), pensar em compartilhar aquilo com outra pessoa que não fosse Jihoon começara a parecer errado, como se aquele fosse um segredo deles que não deveria ser espalhado.

E, novamente, ele não tinha explicações para isso.

Durante as gravações do MV aquela manhã, Junseo se encontrou por diversas vezes focado em Jihoon, na maneira como seu corpo se movia, nos pequenos detalhes de seu rosto como a maneira como suas sobrancelha juntavam-se quando estava confuso, hipnotizado pelos olhares confidentes que trocavam de vez em quando.

É engraçado, eles viverem juntos por mais de sete anos e mesmo assim, Junseo parece descobrir um novo fato sobre Jihoon a cada dia que passa.

Diferente de todos os outros primeiros de maio anteriores, dessa vez alguns deles decidem fazer uma live, e logo Junseo se encontra espremido no sofá do camarim entre o Jang e Youngjun, feliz que algo tenha saído do roteiro (isso quer dizer que ele fez algo certo, não é?), respondendo à, provavelmente, questão mais recorrente do dia.

"O que você quer ganhar dos membros?".

— Nada, para ser sincero — o maknae começa, honestamente — Mas agora fiquei curioso para saber o que eles me dariam — se indaga, um olhar sapeca ao olhar para os outros.

Uma série de respostas se seguiu, algumas de coração, como a de Minki que desejou lhe dar uma action figure para sua coleção, outras debochadas, como uma escova de dentes elétrica ou um conjunto de cuecas coloridas (cortesia de Taeil).

Mas, talvez por sua inclinação por esse membro em particular nos últimos dias, a que mais lhe surpreende é a de Jihoon.

— Sinceramente, eu quero fazer uma viagem com o Jun tão inesquecível quanto a de Paris, exatamente do jeito que foi, nós planejando tudo por nós mesmos e aproveitando sem preocupações. Não precisa ser um lugar longe, pode ser aqui na Coreia mesmo — falou, os olhinhos brilhando com doçura — Contanto que ele esteja feliz vou ficar satisfeito com qualquer coisa.

Algumas piadas e provocações depois, os garotos desligam a live com a desculpa de terem de voltar a gravar, o que é verdade. Para essa parte, Junseo e Jihoon teriam de contracenar uma briga, mas eles tinham de admitir que era difícil se focar quando apenas um olhar era o suficiente para enviar um ao outro em uma crise de risos.

Quando finalmente conseguem se concentrar toda a atmosfera parece mudar. Junseo é puxado para a aura de Jihoon como um ímã e por um momento ele esquece de onde estão, que têm dezenas de câmeras capturando seus movimentos de todos os lados.

Jihoon parece perceber a mudança também, os olhos ganhando um brilho mais gentil ao perguntar com eles se está tudo bem.

Antes que Junseo consiga pensar em alguma coisa, no entanto, ele o beija.



Mesmo depois de toda a comoção causada pela cena que os dois fizeram no meio do estúdio, a derradeira pergunta "No que você estava pensando?" pairando sobre a cabeça do Jeon e as agora quase irremediáveis bochechas coradas de Jihoon não querendo sair de seu rosto, Junseo não se arrepende do que fez.

O selinho não durou nem mesmo um minuto e ele mal conseguia sentir o gosto dos lábios do outro nos seus como havia lido tantas vezes nos livros de romance. Mas ele não podia mentir que não estava extasiado com o que acontecera.

Jihoon, por sua vez, também não criou grande caso disso, a única coisa que falou depois de se separarem sendo "Você ao menos podia ter me avisado que ia me beijar", à qual Junseo riu.

Portanto, o maknae foi embora com a premissa de ouvir uma bronca muito maior quando voltasse por causa de seu ato, mas nada grave demais já que ele não o fizera ao vivo nem em frente ao público.

E dessa vez ele não se importou quando a chuva começou a cair lá fora, quando os Beatles começaram a cantar no carro, quando o relógio indicou 19:30.

Quando Junseo fecha seus olhos e aguarda pelo impacto, ainda mesmo antes de Hyunsoo fazer uma curva fechada, ele sussurra uma promessa para ambos (o manager e ele).

Não se preocupe, eu vou nos tirar daqui, hyung.

*****

Quando Junseo acorda pela vigésima vez no dia 1° de maio, ele revolve que já teve o bastante disso.

Saindo de sua cama, ele faz sua rotina matinal, mas ao invés de colocar sua camiseta folgada e shorts de corrida, ele desliza por um par de jeans rasgados e uma camisa preta, terminando com um bucket hat antes de pegar sua carteira e o celular e enfiá-los no bolso, ignorando totalmente a mensagem de sua mãe dessa vez.

— Aonde você vai? — Hongjae pergunta assim que o mais novo passa afobado por ele, calçando seus tênis com pressa na entrada do dormitório.

— Vou dar uma caminhada, já volto.

Veja bem, Junseo odiava mentiras, mas ele não aguentava mais ficar preso na mesma sequência de eventos por três semanas já. Ele precisava de novos horizontes, novas surpresas nas suas constantes.

É por isso que, quando dá por si, ele está sentado no banco de um trem com destino para Busan, o celular desligado no bolso para evitar que qualquer coisa o atrapalhasse daquela vez.



O clima de sua cidade natal estava ameno, havia bastante neblina e chances gigantescas de chover o dia inteiro, mas Junseo nunca havia se sentido tão livre.

Ao contrário do esperado, ele não se preocupou em voltar para casa assim que pisou na estação. Seus pais o estavam esperando apenas para noite mesmo, portanto aproveitaria o dia ao máximo antes de ter de enfrentar seu destino iminente.

É assim que ele se encontra andando na chuva em Taejongdae, comendo espetinhos de peixe de uma barraquinha na praia de Haeundae e pegando um ônibus até o templo de Yonggungsa.

Junseo nunca fora muito religioso, mas ele aprendera a gostar da arquitetura e da história desses lugares depois de conviver com Minki por tantos anos. Ele lembra-se de ter vindo aqui quando garoto, segurando as mãos de sua mãe e seu irmão enquanto sua mente curiosa e infantil se perguntava se eram assim os castelos dos reis sobre os quais aprendia nas aulas.

Ele acaba passando quase a tarde inteira ali, absorvendo tudo, percebendo os detalhes que nunca havia parado para prestar atenção antes. Em certo momento, ele encontra a famosa fonte dos desejos. Junseo nunca foi de acreditar muito nessas coisas, mas dadas as circunstâncias e o quão inacreditável era aquilo tudo, não poderia doer em acreditar em mais uma coisa impossível apenas uma vez, não é?

Por sorte ele acha uma moeda perdida no fundo de seu bolso, aproximando-se da pequena fonte e atirando-a certeiramente na panelinha do centro. Ele fecha os olhos e junta as mãos, em sua cabeça apenas um desejo no momento.

O maknae resolve ligar seu celular novamente por volta das 18 horas e assim como previsto uma enxurrada de notificações de mensagens e ligações perdidas preenche a tela do aparelho, a maioria dos managers, mas ele resolve ignorar a todas e liga para a primeira pessoa que vem à sua mente.

— Alô? Junseolie? — a voz de Jihoon soa afobada do outro lado, claramente atendendo correndo a ligação quando viu quem era — Onde você está? Você tá bem? Por que fugiu desse jeito?

O Jeon, entretanto, ignora todas as perguntas, confiando em suas próximas palavras sem realmente pensar muito nelas quando o menor finalmente para sua série de questões para tomar fôlego.

— Hyung — chama, a voz calma diante tudo — Você confia em mim?

Jihoon parece pego de surpresa pela pergunta, mas responde um pequeno 'sim' quase inaudível do outro lado.

— Eu vou resolver tudo isso, hyung, eu prometo — o mais novo fala e nem percebe quando seus olhos ficam marejados e as lágrimas ameaçam sair — Me dê mais uma chance.

Jihoon deve achar que ele é maluco, com certeza, mas esse é o menor de seus problemas agora. Quando a voz do mais baixo aparece novamente na linha, a pergunta é totalmente incoerente com a torrente de xingamentos que ele esperava e, a esse ponto, ele já não deveria estar mais surpreso com a facilidade ou habilidade do Jang em lidar com isso da forma mais normal possível para tal situação.

— Onde você está, Jun-ah?

Junseo sorri antes de responder.

— Em Busan, o templo de Yonggungsa é lindo nessa época do ano, não é? — termina, esperando uma risadinha do outro lado.

Ela vem, seguida de uma afirmação que mexe com todas as estruturas do Jeon.

— Ele é. Me lembro que foi aí que desejei na última vez que você tivesse o melhor aniversário de todos — diz com orgulho, mas nesse momento tudo não se passa de um zumbido nos ouvidos de Junseo.

A chuva que começa a cair novamente depois de ter dado uma trégua espanta os visitantes do templo, mas Junseo não sai do lugar, não até estar completamente encharcado e a voz de Jihoon ao telefone soar afobada de novo devido ao seu sumiço.

O Jeon termina a ligação sem dar nenhuma explicação ao mais velho sobre seu comportamento repentino, pegando o primeiro táxi que aparece em direção à casa de seus pais sem prestar muita atenção às coisas em volta.

— Oh, eu adoro essa música — o motorista fala em certo momento — Se importa se eu aumentar o som? — pergunta e Junseo apenas nega levemente com a cabeça.

O botão do aparelho é virado e Tomorrow Never Knows começa a tocar no rádio do veículo. Junseo olha rapidamente para cima, avistando o grande 19:30 marcado no taxímetro do carro e as luzes cegantes dos faróis do caminhão vindo em sua direção.

De novo nã-

*****

Junseo acorda antes do despertador tocar.

Ele salta da cama e vai direto para o quarto de Jihoon, sem se importar se irá acordar Hongjae no processo quando abre a porta sem muito cuidado. O menor levanta o tronco assustado com o barulho, assistindo Junseo vir diretamente para si e se sentar com rancor ao seu lado na cama.

— Jun-

— Não temos tempo para isso. Eu já te expliquei isso outras treze vezes, mas eu estou preso em um looping temporal desse dia faz quase um mês, sua cueca é vermelha e eu acho que você pode ser o responsável por tudo isso — ele descarrega de uma vez, sem deixar o outro interrompê-lo até que parasse de vez.

— Tá, mas o que a minha cueca vermelha tem a ver com tudo isso? — o mais velho pergunta, de todas as preocupações a menor delas, mas Junseo acaba rindo junto de si.

Jihoon era um bom parceiro para enfrentar o dia.



Dessa vez, quando Junseo se vê no templo de Yonggungsa novamente, Jihoon está com ele, e os dois marcham em direção à fonte logo que chegam, uma sacolinha de moedas que roubaram do potinho da penitência na prateleira do dormitório junto a si.

Os dois não parecem ter muita sorte, no entanto, quando 27 moedas depois Jihoon ainda não havia conseguido acertar a panelinha no meio.

— Estamos ficando sem moedas — o maknae constata quando o Jang pega a vigésima oitava, suspirando.

— Desculpa — ele pede em um fio de voz, mas todos sabem que é impossível ficar bravo de verdade com ele.

O menor erra as duas próximas também.

Junseo suspira, imaginando novamente se poderia se jogar na frente do carro e morrer mais cedo dessa vez para voltarem no dia seguinte mais rápido. Mas Jihoon já está cabisbaixo o suficiente por errar todas as suas tentativas anteriores, ficando apenas com uma moeda em mãos.

Ele olha esperançoso para Junseo e o mais novo assente antes de colocar uma mão em seu ombro, como se tentando lhe passar segurança e desejar boa sorte.

Jihoon atira a moeda.

O som metálico do objeto atingindo a caçapinha é ouvido e os olhos dos dois se preenchem de esperança. Jihoon prontamente junta as mãos e faz seu pedido, virando-se para Junseo assim que o termina.

— Agora é esperar que dê certo — diz o mais novo, guiando-os para fora dali.

Eles acabam aproveitando o resto do dia na cidade, com os telefones desligados e as mentes tranquilas como na primeira vez em que Junseo fugiu para lá.

Ao final da tarde, os dois se encontram sentados no meio fio na frente de uma sorveteria, um picolé nas mãos de cada um enquanto Jihoon escuta as histórias loucas dos primeiros de maio que Junseo já havia vivido, os dois rindo e conversando como se o universo não estivesse possivelmente tramando contra eles nesse exato momento.

De repente, Junseo se lembra de dias atrás, quando em um ato impensado beijara Jihoon. Ele ainda não se arrependia disso, nem achava que o faria algum dia e se perguntava se deveria contar sobre esse fato para o menor, independente se ele fosse se lembrar amanhã ou não.

Mas algo toma sua cabeça antes disso, outra pergunta que lhe vem perseguindo desde antes daquilo tudo começar.

— Hyung, posso te perguntar uma coisa? — ele questiona, terminando seu sorvete.

Jihoon também termina o dele e joga o papel fora antes de assentir.

— O que você precisa me dizer? E, por favor, não me diga que me contará amanhã, faz 21 dias que não consigo chegar em amanhã — fala, rindo apático ao final.

— Oh — o menor compreende o que o outro quer dizer, mas não parece muito inclinado em contar mesmo assim — É que…

Uma gota atinge a cabeça de Junseo e ele olha para cima, a chuva rapidamente aumentando de maneira pontual, assustando-o. Ele olha no celular, ainda no modo avião, e a tela marca 19:29. Mas já?

De longe consegue ouvir Tomorrow Never Knows tocando em algum lugar e ele não demora para perceber que vem da sorveteria onde estavam. Parece que não funcionou, afinal.

Ele vira-se para Jihoon, alheio à tudo o que acontecia ao redor deles, e o envolve em seus braços, pegando-o de surpresa.

— Parece que você vai ter que me contar amanhã mesmo — diz, e o Jang, bendita sua existência, entende quase instantaneamente que seu plano não havia dado certo — Você pode fechar os olhos, por favor? Eu não quero que veja isso — o mais novo pede, soltando-o aos poucos quando o outro assente.

Novamente, sem pensar muito em suas ações, ele deixa um pequeno selar em sua testa, afastando-se para a rua lentamente quando ouve a buzina do caminhão se aproximando.

Jihoon fecha os olhos momentos antes do impacto.

Ele nunca vem.

*****

Junseo acorda antes do despertador tocar.

Ele se levanta da cama e segue em direção ao quarto de Jihoon e Hongjae, ignorando a mensagem de sua mãe, ignorando o grande 1° de maio brilhando na tela de seu celular.

O maknae abre a porta com cuidado dessa vez, contornando a cama do mais velho dos três e indo direto para a do menor, que se assusta quando o Jeon se enfia embaixo de seu cobertor consigo sem aviso prévio e esconde seu rosto na curva de seu pescoço.

— Dois minutos — Junseo murmura, a voz abafada pela pele do outro — Me deixe ficar ao menos dois minutos.

Os braços de Jihoon o envolvem sem medo, seu calor acalmando o coração nervoso do mais novo deles. E sussurra:

— Você pode ficar o tempo que quiser. Sempre.



Pela terceira vez, Junseo desembarca em Busan, dessa vez acompanhado de Jihoon novamente.

Ele se sente mal em fazer os outros se preocuparem e os managers terem de segurar as pontas sozinhos no estúdio de novo, mesmo que eles não lembrem de ter passado por isso mais outras duas vezes. Mas ele está cansado, ele não sabe mais o que tentar e tem certeza de que os pontos principais do looping são Jihoon e Busan, porém ele não sabe mais qual a relação deles e está ficando sem ideias.

Por um momento, ele quase questiona sua sanidade, as paranoias tomando conta de sua cabeça cada vez mais. Mas Jihoon o ajuda a permanecer calmo, lhe dá um apoio quase tão grande quanto o chão que pisa. Portanto, quando ele conta tudo o que estava acontecendo para o Jang aquela manhã é ele quem faz o plano do dia.

Segundo Jihoon, se Junseo estava fadado a morrer no final do dia ele merecia ao menos um dia de folga, contanto que eles voltassem para Seul no final do dia para resolver as questões inacabadas com os managers, caso por alguma obra do destino o ciclo fosse quebrado e ambos ficassem em apuros.

Eles aproveitam o passeio de barco ao redor de Taejongdae mesmo com a chuva insistente, andam de bicicleta ao redor da praia e almoçam em um restaurante de mariscos em Jagalmandang antes de seguirem para a surpresa que Jihoon falou que preparara.

E realmente o mais novo se surpreende quando reconhece a fachada da casa onde cresceu, Jihoon pagando o táxi antes de guiá-lo caminho adentro para a porta de entrada.

O coração de Junseo pulava dentro do peito, por 22 dias ele tentava comemorar com seus pais e nunca chegava no final da noite para tal. E Jihoon, pensando nisso, adiou esse encontro, apenas para que tivesse a chance de abraçá-los ao menos uma vez mesmo que o dia recomeçasse novamente amanhã.

Seus progenitores fazem uma algazarra quando ele aparece, enchendo-o de beijos e abraços depois de tanto tempo sem se verem. Seu irmão e a noiva dele também estão lá, mas tudo o que consegue fazer é focar em Jihoon quando ele murmura para si:

— Feliz aniversário, Jun-ah.



As imagens da despedida de seus pais passam borradas por sua mente. Ele lembra-se dos avisos usuais de seu pai, dos beijos incessantes de sua mãe e do abraço estranho de seu irmão. Lembra-se de segurar a mão de Jihoon enquanto eles entram no táxi para levá-los de volta à estação.

Eles acabaram saindo mais tarde do que pretendiam, com os constantes "fiquem mais um pouco" e "está cedo" dos Jeon servindo de combustível para prolongar sua estadia lá.

Os dois acabam indo embora quando já está escuro e a chuva começa novamente, um lembrete de que o dia seria reiniciado em alguns momentos. O calor da mão de Jihoon, entretanto, não deixa a sua mesmo quando já estão cruzando as ruas movimentadas de Busan e Junseo agradece por tudo o que tem feito até agora.

— Eu ainda não disse o que precisava, não é? — o Jang interrompe sua linha de pensamentos, fazendo o maknae olhar para si, confuso — Você me disse que em todas as linhas do tempo, eu precisava falar uma coisa para você e nunca disse — explica e os olhos do Jeon se arregalam.

Jihoon finalmente falaria? Depois de tanto tempo esperando, rezando para que esse fosse o motivo de tudo aquilo, ele finalmente saberia o que era?

— Junseo, a verdade é que eu-

"Turn off your mind, relax and float the stream

It's not dying, it's not dying

Lay down your thoughts, surrender to the void

It's shining, it's shining"

— Jihoon, você precisa sair do carro agora — o maknae fala afobado, nem percebendo a falta do honorífico na oração. Por que não havia percebido antes?

— O quê? Não, eu ainda não te contei o que precisa — ele rebate, atônito.

— Não dá tempo, eu deveria ter percebido antes o horário. Amanhã eu falo com você de novo e você me conta.

— Amanhã eu posso não ter coragem de novo para falar.

— Eu não posso te ver morrendo nos meus braços de novo, Jihoon! — Junseo exclama, calando o outro — Por favor, eu não consigo… Eu não posso viver sabendo que te causei dor de novo.

Jihoon fica paralisado por um momento, pensando naquilo, antes de tomar a mão de Junseo entre as suas novamente e falar com todas as letras.

— Eu gosto de você, Junseo-ah — revela, fazendo o outro olhá-lo com ainda mais surpresa — Eu gosto de você há muito tempo. Por favor, eu quero fazer isso. Você não precisa passar por isso sozinho.

Quando o maknae não responde, o Jang começa a se preocupar e suar frio. A música continua a tocar no rádio e a esse ponto até mesmo o menor já está irritado.

"But listen to the color of your dreams

It's not leaving, it's not leaving"

— Eu gosto de você também, hyung — o Jeon finalmente diz, pegando o outro despreparado.

— O quê? — pergunta incrédulo — Junseo, não brinque, por favor, mesmo que eu esqueça amanhã, não me dê falsas esperanças…

Junseo cala-o prontamente, selando seus lábios com os seus. Dessa vez, diferente da primeira há vários primeiros de maio atrás, é intenso e Jihoon corresponde depois de alguns segundos.

Dane-se que eles morreriam — reiniciaram — a qualquer momento, por agora Junseo não queria pensar nisso, não queria lembrar que estava envolvendo Jihoon quando prometera que não o faria novamente. Sua testa colada na sua depois de se separarem era tudo o que importava.

O barulho do freio soou de repente, os dois sendo lançados para frente de supetão, sendo segurados apenas pelo cinto.

— Motorista louco! — o taxista grita, vendo um caminhão de dez toneladas cruzar o farol vermelho e passar na frente deles — Qualquer um quer tirar carteira esses dias. Vocês estão bem aí atrás? — pergunta, virando-se para os dois idols que se encontravam agarrados no banco de trás.

— Estamos sim — Jihoon responde, antes de virar para checar Junseo melhor — Você está bem, Jun-ah?

Mas Junseo não responde, perplexo.

— Jun?

O mais novo busca rapidamente o celular no bolso, lendo o horário escrito ali. 19:31.

— Jihoon… acho que quebramos o looping.

*****

Junseo acordou antes do despertador tocar.

Não é um dia que ele estaria acostumado a comemorar fosse alguns anos atrás. Mas depois dos 22 primeiros de maio que passara, ler 2 de maio na tela de seu celular parece praticamente uma benção dos céus para si.

Jihoon se move lentamente em seu sono, embrenhando-se mais em Junseo como um bebê coala se agarra à mãe, e o maknae deixa um pequeno selar no topo de sua cabeça.

Do lado de fora ele consegue ouvir a voz de Seokmin gritar com Minki a procura dos dois, mas o Jeon não consegue ficar preocupado mesmo com a iminente punição que os dois receberiam, estava feliz demais para se importar.

Era finalmente 2 de maio e a única constante a qual Junseo precisava agora era Jihoon.

Glossário:

- hyung: honorífico em coreano usado por homens para se referir a homens mais velhos que eles

- maknae: o integrante mais novo de um grupo

- Chuseok: feriado da colheita da Coreia que dura três dias

samgyeopsal: prato típico coreano feito com panceta de porco

- soju: bebida destilada transparente de origem coreana

- makgeolli: vinho de arroz típico da Coreia

- Naver: maior portal de busca da Coreia, podendo ser comparado ao Google

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